Um mar

Tenho um mar de palavras,

Presas,

sufocadas na mente,

Caixa de Pandora

das emoções.

Cartas espalhadas

Sobre a mesa

O sentir

e todas as suas desarticulações.

Predestinado ao surto,

Sem rumo,

Herdeiro de um caos

Mudo.

Sou muito mais

meus silêncios,

Resto de incertezas

e ilusões,

Escombros

de memórias distantes.

Não sei se parto

ou

permaneço,

Perdi-me

na travessia do tempo,

Rumo incerto,

destino desconhecido.

Não há refúgio

para almas inquietas,

Tudo é um delírio,

E a busca

incessante,

Feito mar

Sou um náufrago

perdido

em mares revoltos,

Sou maré

Em busca de... o quê?

Será intransponível

esta arrebentação?

Enquanto o mar é caos

e confusão,

Sou minha própria incógnita questão,

Palavras em profusão,

gritos no vazio.

Desvenda-me

enquanto me consumo,

Nesta voracidade

de existir.