UMA BOMBA PRESTES A EXPLODIR
Eu não queria estar me sentindo assim. Não queria estar agindo assim. Mas está tudo tão difícil. Me controlar. Controlar meus sentimentos. Controlar minha vida. Controlar minha casa. Minha família. Minhas atitudes. Está tudo tão difícil.
Queria entender como era no passado. Como as mulheres tinham dez filhos. Uma fazenda pra cuidar. Ou trabalhavam na roça. Cuidavam da casa. Dos filhos. De tudo. Como elas faziam? Eram super heroínas?
Eu só queria voltar a me sentir eu mesma. Como sempre fui. Brincar. Aceitar brincadeiras. Relevar coisas. Não levar tudo tão a sério. Queria meus abraços e beijos que meu marido me dava antes de dormir e ao acordar. Queria nossas risadas e cochilos de cochicha no domingo a tarde.
Não. Não estou dizendo que me arrependi de ser mãe. De forma alguma. É a experiência mais incrível da minha vida, com toda certeza! Mas é algo tão desafiador. Tão intenso. Tão transformador. Cansativo. Exigente. Solitário...
Não solitário por ser mãe solo. Mesmo porque meu marido é um pai sensacional. Presente. Amoroso. Carinhoso... Mas digo solitário no sentido de você não conseguir explicar em palavras toda a confusão de sentimentos, altos e baixos que você está sentindo. É algo bizarro. Felicidade intensa, e cinco minutos depois tristeza intensa. E tudo acontece muito rápido. Muitas vezes nem me dou conta que está acontecendo.
E a irritabilidade? Melhor nem falar muito. Absolutamente tudo é irritante. Os carros. As pessoas. O convívio. A solidão. A exaustão. Tudo me irrita. TUDO. Me sinto uma bomba prestes a explodir. A qualquer minuto tudo vai pelos ares.
Mas sim. Apesar de tudo a maternidade é sensacional. Uma experiência ímpar na vida de uma mulher. Não existe amor maior no mundo que o amor de uma mãe.