A mão e a luva (ou, bem vindo ao mundo das aparências)
O mundo virtual é uma espécie de a mão e a luva, onde tudo se encaixa, nada fica fora. Tudo se ajusta conforme a necessidade, não há escapatória: é a rede sem furo, sem brecha.
Também pode ser comparado ao panóptipo, um dispositivo de vigilância constante onde nada escapa aos olhos de uns sobre os outros.
Nesse sentido, o mundo virtual, como um panóptipo, se realiza na mesma medida de ajuste (uma luva para cada mão) e necessidade. E para atender às expectativas, nossas personas entram em cena. Não são representações conscientes, o sucesso está justamente na inconsciência dessas representações. Cada qual, ator de si mesmo. Um papel cujo roteiro se realiza a cada curtida, nada se solidifica, é a realidade líquida em ação.
O olhar individual e coletivo, tudo junto, sem possibilidade de diferenciação. Nessa rede que se amplia e se amplifica, a todo tempo, o tempo todo, novas, mas nem tão novas, perspectivas. O sonho não se realiza porque se transforma em novos sonhos, e assim infinitamente.
Um mundo líquido. Um mundo das fragilidades transmutadas em likes. Abismo das frustrações. Um mundo de seguidores, não de amigos. Assim é, assim deve ser.