Quando o encanto se desvanece...
Nos dias atuais, por assim dizer todos os dias, somos instigados a buscar informações no mundo cibernético, como se estivéssemos diante de um oráculo para nossas vidas.
Assim, quando surgem as dúvidas sobre algo ou alguém, ou quando mesmo aguçamos nossas curiosidades sobre quaisquer assuntos, imediatamente, nos dirigimos para onde parece ser a nossa segurança. A verdade!
Este tipo de comportamento que parece ser “normal” desvirtua nossa capacidade de introspecção, possibilitando a transferência de titularidade de nossa originalidade imperfeita, para a satisfação egocêntrica do ser desencontrado, mas visto como resplandecente do saber e da perfeição.
Não se percebe, contudo, que este tipo de comportamento já se traduz em fragilidades da psique humana, minimizando sua capacidade primogênita do exercício originário para um possível substabelecimento secundário em sua personalidade.
Um cenário em que o valor ou valores são tributários do acaso das coisas imbecis, e que são colocados como o curso de uma nova vibe, achando-se que, pelo simples fatos de seus feitos se encontrarem nas “nuvens” e criptografados, encontram-se postos à segurança blindada de suas mentes frágeis, movidas pela frustração e desilusão de quem realmente são.
Desencontrados, vivem em crises existenciais e de personalidades, achando-se como as mudanças constantes pelo circuito dos download e upload, possuindo uma capacidade de armazenamento na ordem dos terabytes... E nisso, imaginam que suas ações viajam com a mesma capacidade de velocidade e de interação, mergulhando no vazio do desencontro...
A crise se estabelece com mais intensidade quando se percebem que não são o que acreditam ser, e que o tempo não parou para que pudessem corrigir os seus, por assim dizer, “erros ou equívocos” de suas fragilidades psíquicas...
Esse tipo de sentimento não é algo que sobreviva ou exista apenas nas inquietações do pensar. Ele é prova cabal no indivíduo e se materializa no curso das relações humanas, quer sejam emocionais, institucionais, pessoais e interpessoais. Essas palavras não foram lançadas no vazio...
Decerto que havemos muito do que poderia ser discorrido sobre essa temática, mas, possivelmente, poderia ficar exaustivo. No entanto, acredito, que as linhas anteriores nos permitam refletir sobre o que pensamos, em que acreditamos e porque costumamos agir sem lastro de coerência com distorções de sentidos.
A reflexão desses feitos nos permitem perceber o quão frágil nós somos sem razão alguma para permanecer na arrogância.
Recife, 27 de abril de 2024
Luiz Carlos Serpa.