Tanto Tempo.
Tanto Tempo.
Tanto tempo.
Tantos momentos em tão pouco tempo.
Hoje me peguei afagando seus cabelos, acariciando seu rosto, o mesmo que por várias vezes na tristeza alegrava-se com os meus toques.
Pude até sentir seu cheiro, o familiar odor do seu perfume predileto, pude até vê-la dançando como antes fazia ao som de (I 've Had) The Time Of My Life.
Tanto tempo.
Tantos segredos a serem revelados no devido tempo.
Ontem vir-me sentado na varanda de nosso lar, bebendo o mesmo vinho suave, aquele de qual você condenava-me.
Hoje não mais passa as pessoas de ontem, alguns partiram abruptamente, outros mudaram por consequências, somente eu permaneço aqui, tentando te ver sem êxito.
Olha, as crianças de outrora já crescidas, me acenam como velhos conhecidos sem tocar em seu nome, pois, educadamente, sabem a dor que causa-me.
Tanto tempo.
Tantos desejos ocultos na mesma partida sem um justo tempo.
Amanhã o que vai restar?
Qual quadro ainda estará pendurado na parede da solidão, e, ainda que esteja, vai estar amarelado pelo tempo que passou.
Amanhã, de certo estarei aqui, ainda com a velha esperança de ontem, tentando traze-la a vida, lembrando dolorosamente que não haverá volta, e que, hoje, frente ao seu túmulo, de tempo em tempo, uma lágrima cai...
Texto: Tanto Tempo.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 24/04/2024 às 22:08