Sonhos do Amanhã
Não tardou a vida e já vislumbro o eterno
Não realizei tantos desejos vividos, nem senti toda a dor desse mundo
E já me martirizam as sombras do que se foi para sempre
E nem fiz o tempo ser para o sabor dos meus sonhos
Não percebi a vida que me cerceou e amanheceu no entardecer
Não divisei as distâncias e me sinto perto da chegada
E já me doem as caminhadas para o resto das últimas sendas
Mas levo o doce prazer de um amor verdadeiro sob dias tão risonhos
Não descansei toda a vida devida e já me sucumbo ao leito estreito
Semeei tímidas esperanças e me alcanço tão só na partida
E já me somam derrotas do que venci nas últimas contendas
Colhi modestos desejos de ser feliz na esquina de amigos com almas de querubins
E o amanhã bateu tão cedo à porta e já me espera tão lúgubre e terno
E observo a luz que banha meus pés nos calos mais profundos
E me ardem as mãos que seguram sob olhar o cálice de despedida
Brindo momentos que ainda não tive, elos desencantados ao som em naipe de clarins
Não me adiantou o segredo da vida e já me vejo na peleja dos versos
Não afaguei o meu ego, nem senti o orgulho dos reinos absolutos
E já me ferem o peito as chagas das razões divididas
Nem molhei os lábios sedentos na relva de orvalho, mas de lágrimas cálidas sem fim...
(Dfholanda, Aclimação, 10-12maio2010, 15abr2024)