O sonho de Delboeuf

“O filósofo Delboeuf sonhou que no pátio da casa encontrara duas lagartixas enterradas na neve e rígidas pelo frio. Tomou-as, aqueceu-as nas mãos e colocou-as numa greta do muro. Depois colocou ao lado delas umas ervas que lá cresciam. Ainda em sonho pronunciou o nome da planta: ‘Asplenium ruta muralis’ (sic). O nome se lhe apresentou como algo familiar. Delboeuf não se lembrava de quase nenhum dos nomes técnicos das plantas apreendidas na época de estudante. Como, pois, era possível aquele conhecimento técnico? Após 16 anos encontrou casualmente a explicação: em casa de um amigo encontrou um pequeno álbum de flores secas, no qual estava escrito, por seu próprio punho: ‘Asplenium ruta muraria’. O mesmo Delboeuf o escrevera muito tempo antes, depois de consultar um botânico. Delboeuf já nem se lembrava de que sua irmã presenteara aquele álbum ao amigo. Única variante: ‘muraria’ por ‘muralis’”. Sigmund Freud in A Interpretação dos sonhos.

 

Todo fenômeno parapsicológico, como surge do inconsciente, comumente não é reconhecido como próprio pelo consciente. E daí freqüentemente a necessidade psicológica de atribuí-lo às mais curiosas prosopopéias. Compreende a parte inconsciente de todos os sentimentos ou recordações subliminares, isto é, abaixo do limiar da consciência. Delboeuf sabia disso?

 

 

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 19/04/2024
Código do texto: T8045190
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.