LÍLIA II
Terra molhada perfuma o ar;
A sua voz, me faz lembrar;
Roupas livres a bailar;
Na memória, te escuto entoar.
Na cor escura, as veias saltam;
Mãos na àgua, som da alma;
Num girar de hélice, o ar apanha;
Como o vento incolor, fora o corpo de quem luta e dança.
Entre as montanhas começa a geada;
Atrito dos dedos, na água molhada;
Sensação, explosão e mãos encharcadas;
Big Bang, nuvens brancas, trovoada.
Terra escura, couro em atrito;
Uvas em cachos outrora escondidos;
Orquídea livre do corpo besuntado;
Contempla o cintilar dos que antes chegaram.