Tenho uma predileção pelo divino. Pode parecer piegas falar de Deus em tempos tão líquidos, em que os sentimentos escorrem e se espalham. Mas é inegociável crer na existência de algo infinitamente grande, poderoso e justo. Há quem não creia. Tudo bem, Deus não é figura mitológica da era passada e nem dogma de imposição. Deus é experiência, sentimento e escolha. Hoje o vi na senhora que atravessava a rua. Ela abriu um sorriso largo porque obedeci a lei e dei prioridade para sua passagem em faixa demarcada. Eu o vi na caixa de supermercado que exausta, cobrou apenas metade da compra e fiz questão de avisá-la, em tempo. Eu o vi no vendedor que em meio ao tumulto do semáforo, deu-me 20 reais como troco para uma bala que paguei com cinco. Logo parei o carro, e fui devolvê-lo a quantia. Vi-o, no olhar da Cotinha, doce amiga que trouxe uma essência de mangas rosas em sua visita: fica sempre um pouco de perfume, nas mãos que oferecem rosas... Mas não o vejo nos que mentem, fingem, enganam e pensam que sairão ilesos dessa viagem. Aqueles que humilham, provocam, julgam. Há os que preferem retratar a espiritualidade, ainda que de modo hipócrita, como se arrotassem santidade, num ar de superioridade. A mim, cabe apenas dizer: o maior pecador que conheço, sou eu! E no tempo? Ele trará a resposta...