A ciência como Estrutura Social
Não há mais moral, não há mais honra, aliás o que ela pode significar no mundo pós-moderno depois de genocídios, guerras, conflitos e eugenias sobre os quais fundamos as estruturas sociais existentes?
Nos hospitais de Juquery em São Paulo, e Do Colônia, em Minas Gerais, tivemos demonstrações de como a ciência não detém em si nenhum controle moral sobre a capacidade de perversão humana, doentes mentais, presos políticos, presos sociais eram de forma medicamentosa, e através das técnicas ‘’mais avançadas da ciência’’ foram massificados em zumbis ambulantes, onde perdiam sua própria condição de humanidade, perderam seus nomes, alguns registrados como ‘’sem nome’’, e perderam sua existência de possibilidades em vida.
Nesse universo onde o controle e necessário ao conhecimento cientifico, em que escolas, prisões, quarteis e hospitais foram estruturados com base nas mesma prerrogativas e premissas, o humano se torna apenas meio, se torna apenas uma fonte de poder, monetário, social ou humano em uma hierarquia.
Afinal, porque desenvolvemos uma sociedade onde as empresas farmacêuticas estão autorizadas a nos drogarem? Onde médicos ganham status de poder pela quantidade e lucro que exercem sobre seu receituário? Onde o humano se tornou meio de sacrifício sobre a sobrevivência de alguns?
Na religião monetária, o animal sacrificado diante dos fiéis e o próprio ser humano, afinal, sem o próprio sacrifico em busca de ganho monetário não há sobrevivência possível.
A busca da burguesia na revolução industrial se concretizou, nos tornamos escravos de nós mesmos, e nossa existência e hoje determinada pela monetização gerada ou ganha.
O preço pela vida hoje está determinado pelo mercado da saúde, onde farmacêuticas determinam o valor de cada existência, através dos valores de medicamentos, hospitais, através dos valores que se pagos determinando o acesso a equipamentos e os médicos que determinam a existência através de uma troca monetária, onde aquele que pode pagar mais estará sujeito a um tratamento com os melhores profissionais.
Não há como negar que hoje as sociedades ocidentais estão totalmente medicalizadas, viciadas em uma necessária busca de eficiência individualista, que visa seu ganho monetário.
Trocamos a existência pela monetização, e determinamos um meio de obrigação de resultados, em uma concepção Darwinista, onde o mais apto (eficiente) estará, na hierarquia socialmente validada, em superioridade sobre o restante.
As entranhas do mal, como função social, afloram de forma corriqueira nas mortes em hospitais e nas condutas de meios cientificamente ungidos determinando, eugenisticamente, as doenças como fonte de determinação social.
O terreno já está tão saturado que as raízes já são visíveis até mesmo aos mais ingênuos, e justamente esses, os jovens, são mergulhados, o quanto antes, no processo, laudatório e medicamentoso, cientificamente determinados.
E aqueles que estão julgando as formatações sociais existentes, quando não destituídos de sua própria dignidade, através da concepção de um mérito inexistente e determinante hierarquicamente, são destituídos de possibilidade através de meios ideologicamente isolacionistas em sua concepção, afinal quem não se adapta ao mercado, marketizado pelo meio, está determinado ao que chamam de fracasso humano.
Desta forma os muros dos hospícios, prisões psiquiátricas, não foram realmente derrubados pelas legislações que assim determinaram, mas porque hoje todos somos internos, cada qual na sua ala, cada qual com seu nível psiquiátrico de problema, negando a realidade que criamos, terceirizando nossas obrigações através de clinicas, hospitais, médicos e remédios, que prometem curar as diferenças.