Eu sou eu. Você é você.
Eu sou eu. Você é você. Entendi que não posso tentar confabular o que pensa. É trabalhoso demais. Desgastante demais. Porque apesar da possibilidade de haver verdade naquilo que penso, é humanamente impossível acertar sempre. Eu chegar com todas as visões possíveis beira ao absurdo. Só posso lidar com aquilo que está sob meu alcance. Só consigo ouvir meu grito, e da forma mais apurada possível. Porque é o meu grito. Não o seu. Sei repeti-lo, porque ele está bem consolidado. Quanto ao seu, não escuto bem. Ele sai silencioso demais. Confuso demais. Ligeiro demais. Talvez precise gritar mais alto. Ou ao menos gritar. O jogo do silêncio é invisível, mas se movimenta mais do que se nele houvessem palavras. A jogada é muito maior. Mais impactante. Sei explicar minhas ações e meus sentimentos. Debater que aquilo que sinto é exagero ou falta de maturidade não faz sentido. É o que sinto. E o que sinto é legítimo. É genuíno. Era só uma explicação. Uma quebra de silêncio. Uma quebra de dúvida. Estou insegura. Porque aprendi o amor de uma forma diferente. E isso tem causado quebra de expectativa. Nasci em uma família que me ensinou o amor pelo cuidado, pela atenção e pelo amparo. Sempre. Em qualquer ocasião. E eu entendo que sua criação é outra. Não que não tenha me dado carinho em muitas ocasiões. Pelo contrário, sempre valorizei muito essa postura. Mas às vezes me assusto involuntariamente. Porque talvez sua forma de amar seja outra. Gostaria de ouvir mais sobre você. Porque a única coisa que posso constatar é que divergimos nisso. Ou estamos divergindo. Eu já mudei, no começo, pra atender suas expectativas de afeto que estavam sendo quebradas. E porque sempre quis que déssemos certo. O jogo virou e eu não sei o quão disposto você está para mudar. Para chegarmos em um meio-termo. Mas se sua vontade de invalidar o que sinto for maior do que sua vontade de buscar um ponto de equilíbrio, de mudar, vou precisar considerar se esse relacionamento é saudável e satisfatório para mim a longo prazo. O que fazemos com as diferenças é a chave para a longevidade de qualquer relacionamento. E diferenças sempre vão existir. Porque somos diferentes. Eu sou eu. Você é você.