Momentos
Momentos. Cada segundo, cada minuto, tudo, ao final, viram momentos. Eu sei, eu tive calma o suficiente pra esperar esta verdade se concretizar em mim.
Carreguei umas flores, uns cacos de vidro, um punhado de versos, e gastei todo o lápis tentando esperar viver. Minha pressa era imensa, minha emoção maior ainda, o peito nem se continha mais, tamanha era minha pulsação.
Chorei, escrevi, desenhei cada memória, cada lágrima, cada tropeço, trapaça, risada truncada. Tudo esperando que, quem sabe, Deus fosse justo o suficiente pra me dar meu momento. Minha lembrança mais contida, que eu fazia crescer lentamente, regando diariamente com expectativa.
É surpreendente como algumas coisas acabam sendo ainda melhores do que qualquer imaginação, por mais encantada que seja, possa criar.
Eu encosto a cabeça na alma, minha alma. Recosto o cansaço, e rio como se tudo se resumisse a aqueles segundos finais onde tudo finalmente deu certo. Espanto, com meu melhor sorriso, as angustias que antes tanto me doíam. Não precisa doer mais. Não precisa correr mais. Não há mais pressa, nem aflições, nem desencantos. Há somente a minha paz, caminhando por aquela estrada onde as árvores quase se tocam, mas chocalhão de vergonha ao ver o encanto daquela menina que passa, distribuindo pequenas sementes que, logo mais na primavera, são as mais variadas e coloridas flores.