Lea.

Lea.

Olhando as fotos de 1980, deparei-me com sua foto, linda, morena, uma índia perdida na capital soteropolitana. A cada foto que eu passava veio na memória dias de imensa alegria, dias de caçadas em meio a vegetação interiorana do Brejo-Grande, e, dias de amores embaixo do pé de cajá onde marcamos a faca nossos nomes e um coração mal feito. A cajazeira fora palco de tantas paginas de nossa pequena, curta, mas, significante história. Lembro-me das juras infindáveis que fizemos em nome desse romance, do pacto selado com sangue de que quem fosse primeiro viria buscar o outro para que não ficássemos separados. Foi insano, desmedido, sem nenhuma crença nas palavras proferidas, e, mesmo assim, em oração fechamos o acordo.

Hoje vejo-me na casa dos cinquenta junto com você, porém, separado pelos caprichos e imaturidade da minha pessoa. Vendo-a nas fotos, tão notória quanto o ar que respiro, as lembranças vem me assombrar, uma foto em especial levou-me de volta a Akino's Bar, onde segurei-a e beijei tão calorosamente que quase fazemos amor naquele momento. Era especial, era puro, era a infância convergindo com a adolescência, foram nove anos bem vividos, bem curtidos, independente das discórdias que também tivemos.

Sabe hoje sou seu amigo não sei nem porque depois de tudo que te fiz, só sei que até neste momento você foi e sempre será superior a mim, e, sou grato por segurar minha mão nas tantas vezes em que tentei levantar sem conseguir. Deus existe sim, embora, teime em não crer, pois se não fosse assim, como eu saberia da existência de anjos como você. Em meio aos tantos nomes que teve, Maria, Aline, Nega, etc. Um apenas viverá através dos tempos, e, um Grupo de Rock intitulado Toto, fez uma música com o nome:

Lea.

Traduzindo tudo de mim para você. Lea, apenas uma vez aceite meu amor em versos, já que te ter é tarde, deixe-me ao menos te amar em letras...

Texto: Lea.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 07/04/2024 às 18:59