As Minhas Escritas Mortas.
As Minhas Escritas Mortas.
Sinto-me triste algumas horas do dia quando na ânsia de escrever, solto palavras do fundo da alma para logo perceber que devo aprisionar-las na gaveta da escrivaninha.
Um autor se considera livre em seus pensamentos, orgulha-se, depois de criada as linhas mais simples na complexidade de uma composição, e, morre ao saber que, certas escritas morrem junto com ele. Eu pensei um dia assim, tive composições que tocaram de uma certa forma, certas almas femininas, que, levaram-me a conhecer-las, como também manter certos conhecimentos numa distância segura para não se perder, mas, uma pequena poção destes seres tiveram escritas feitas em seus nomes, ou, por suas artes, entretanto, foram enterradas com o mesmo afinco com que foi vinda ao mundo.
Hoje é uma dessas horas que vivi ao longo dos anos, uma luta desaforada entre dizer e o não dizer, mostrar e o na mostrar, até mesmo, dizer mais não mostrar, ou, mostrar e nada dizer. Escrevi para uma pessoa querida a qual nunca conheci pessoalmente, eu falava, ouvia pelo celular, a via por vídeo, mas, sua beleza, além de me cultivar com seu interior mostrado em pequenos quadros, encantou-me com sua narrativa. A sua voz na narrativa suave, linda, meiga, fez-me escrever para e sobre ela, agora aqui estou eu olhando para a escrita sem saber o que fazer, será mais uma escrita natimorta de uma gestação literal, e assim, mais uma vez, irei enterra-la em meio aos tantos fetos de letras que o tempo me fez fazer? Bem, sem muito o que fazer, com lágrimas nos olhos te entrego a Anúbis, deus e guia dos mortos para proteger-te enquanto eu esqueço...
Texto: As Escritas Mortas.
Autor: Osvaldo Rocha Jr
Data: 06/04/2024 às 16:45