Partida.

03:30 da madrugada, acordo sobressaltado, suor correndo pelo corpo todo, a sensação de que você estava ali parada observando-me em silêncio, e, nesse silêncio grito seu nome. Um dia neste mesmo horário você se foi deixando para trás todos os sonhos sonhado a dois, abandonou sem intenção todas as palavras que poderiam ser ditas nas tantas madrugadas abraçados, sem hesitar, desistiu da luta pela vida.

Nada tinha no escuro do quarto, mas, podia ver nitidamente seu olhar de tristeza parado, morto, sem aquele brilho que costumava irradiar ao me ver e uma lágrima cai do meu olhar, nesta lágrima estava presente a falta das vezes que mergulhamos fundo em tantos rios de sorrisos quando nós dois sentados na varanda riamos da vida, tinha presente as inúmeras separações por visões diferenciadas ao acreditar ser verdade, contudo, por estarmos no mesmo espaço, logo as nuvens se dissipavam e um beijo selava a paz.

Por muitos anos esse local foi palco para a mais belas canções romantizadas sobre nós, palco de tantos poemas definindo a tradução de amar, cenário de um amor tão divino quanto profano que gerou uma vida que ao olhar na face te vejo. Lembrar-la de súbito me destrói, estilhaça minha alma a ponto de se desfazer perante a minha humanidade, quisera eu ter te impedido de partir, ir contra Deus, ter sido o poder diante da fraqueza de ser mortal, mais, você partiu, e na partida ainda vejo seu olhar de adeus no último suspiro, assim como a frase que falou antes de findar sua vida...

- Cuide de nossa filha, eu te amo!..

São 04:42 da madrugada, desta mesma madrugada em que você partiu...

Texto: Partida.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 04/04/2024 às 04:44