O poeta de hoje, o escravo do amanhã
Já não sou mais criança, embora ainda quisesse ser uma, e ainda que eu me comporte como uma, este é um direito que me é negado. Poderia falar da pureza das crianças, mas, creio que outros poetas descrevem melhor que eu.
Nestes tempos sombrios que vivemos não há mais espaços para os poetas, apenas para os patetas, a comercialização da arte já a banalizou, transformando qualquer poeta em um músico ruim com vozes robóticas, corrompendo os poetas com dinheiro e sexo fácil. Mas, por favor não me entenda mal, invejo aqueles que podem viver de sua arte, porém, há uma diferença entre viver da arte e ser uma marionete da sociedade.
Lugares na web como o recanto das letras confortam nossos corações, encontramos aqui todo tipo de pensamento e arte, há aqui uma esperança de vida, há tantos jovens e tantos idosos fazendo a mesma coisa e concordando com os mesmos conceitos que chega a ser utópico.
Todavia, nem tudo são flores, pois basta ir para uma rede vizinha, ou sair pelas ruas que a realidade se mostra nua e em decomposição.
Queria sair por aí e mostrar meus textos a todos, amigos, colegas de trabalho, namoradas e quem sabe até para os meus pais.
Mas, sigo calado, amordaçado, como um escravo que trabalha durante o dia para o seu senhor e durante a noite trabalha secretamente em seu plano de fuga.
Não sou tão velho para sentir a nostalgia de tempos bons do passado, e nem sou tão jovem para me iludir com um futuro distante. Sou aquele que morre todas as noites e renasce na incerteza se algum dia já viveu.
Seja um poeta em todas suas vidas, a arte pode não alcançar a grande mídia e nem as multidões, pois a arte alcança o indivíduo, o transforma, e o mata e não há problema nenhum nisso, só não se esqueça de sempre ser um poeta.