Sinais

Agora vejo todos os sinais que ignoramos, todas as falhas que deixamos, e todos os vazios que aceitamos. De migalha em migalha, nos empanturramos de mentiras, nos enchemos de distâncias, até que nosso campo minado era tão grande que nem nós sabíamos mais os lugares seguros onde pisar.

Me confortava que de alguma forma minhas palavras te acalentavam a alma, te deixavam segura, e assim expus todo meu coração. Despi todo meu conforto pra deixar o seu sorriso por perto o maior tempo possível. Mas os avisos que ignoramos se fizeram presentes. Tomaram forma, viraram um perigo real, tão real que nos desesperamos tentando lembrar todas as instruções que antes haviam no caminho, mas não havia mais nem caminho para voltar, nem avisos para lembrar, nem remédio para nos curar.

O abraço escrito que eu te dava, agora está longe demais, em folhas amassadas, amareladas do tempo que nos esqueceu nesta distância. Cada poesia que meu coração não sabe mais o ritmo, cada riso que prendi em palavras voadas. Tudo levado pelo tempo. Tempo que parte como um vento, sem despedida, sem um último abraço. Vento que talvez um dia te traga pra cá de novo. Talvez um pouco mais machucada, talvez com um tom de vermelho desbotado, mas quem sabe eu ainda possa ser uma última vez o abraço que tua paz repousa?

Gabriela Lourenço
Enviado por Gabriela Lourenço em 03/04/2024
Código do texto: T8034179
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.