Liberdade

Algo que não é exclusividade e nem um privilégio meu: a dependência emocional, originada pela carência produzida pelos vazios que venho acumulando, e enfrentando, desde criança. Para início de conversa, devo dizer que, na moral, é uma droga. Buscar a todo instante a validação do outro, a aceitação pelo outro, o querer do outro estar perto, aquela ânsia de conquistar e ter alguém. Levei quase trinta anos para entender que nada disso é necessário, o que piora quando eu não conheço a pessoa mais importante do processo: eu mesmo. Precisei passar pela ansiedade, pelo sentimento de derrota, pela dor da rejeição, para entender o quão importante eu devo ser para mim mesmo. Agora, entendendo que a rejeição é natural e que ela diz mais do outro do que de mim mesmo, percebi que eu mereço não alguém bacana, não um círculo de amigos vasto, não uma mesa de bar cheia. Preciso me conhecer, entender meus sentimentos, lidar com minhas angústias e me permitir o que hoje vejo que é o mais lindo que poderia acontecer: conquistar a mim mesmo, por todos os valores que possuo. Afinal, de que adiantaria conquistar o mundo todo, querer encontrar alguém, desencontrando-me de mim mesmo? Claro que é um processo, e todo processo dói, abre feridas, cutuca cicatrizes, além de ser difícil quando não se tem a ferramenta mais importante de todas: o autoconhecimento. O "eu sei quem eu sou", "eu sei o que quero", "eu não dependo do outro para estar feliz e bem comigo mesmo". Devo dizer que, nos últimos dias, a solidão estava sendo uma tortura. Mas agora, olhando bem para dentro de mim, reconhecendo quem eu sou, ela está sendo um alívio. Está me blindando de reescrever fábulas erradas e permitindo que, antes tarde do que nunca, eu comece a escrever a verdadeira história da minha vida.

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 02/04/2024
Código do texto: T8032944
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