Alma e Escrita.

Sou um coração alheio aos acontecimentos dos dias que se seguem, sou a margem de um rio que corta impiedosamente meu peito, sou mar aberto, sou arquipélago, sou o estreito...

Entoa em minha voz a canção que fiz para celebrar minha morte, no infortúnio de cada nota sigo cambaleante sempre à volta de minhas pegadas.

Sou abismo submerso em desejos, sou cânion de todos os sonhos esquecidos, visto ao longe sou paisagem, de perto, uma miragem no deserto.

Meus dedos tateiam na escuridão buscando alcançar minha alma, esta por sua vez perdeu-se no corpo de um sorriso desconhecido.

Em cada canto deste universo, pelos quatro cantos da terra, minhas palavras escritas povoam a mente de almas sonhadoras.

A pena que uso para escrever não derrama tinta por sobre o papel, derramam sangue e sentimentos escondidos nas lembranças, sonhos que encontro em cada esquinas, ou, nas linhas mal acentuadas.

Quando nada mais existir ficará minhas memórias escritas em algum muro, e, quem tiver olhos verá que em cada frase um pedaço de mim restará, e assim, estarei por inteiro nos pequenos grupos que as recitar.

Texto: Alma e Escrita.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 12/08/2006 às 22:54