Caos
Caos, essa é a palavra que melhor define minha atual situação. Estou em um daqueles momentos da vida em que não há saída, nem sequer estou em um beco; de um beco pode-se sair por onde entrou. Estou em um poço, dos mais fundos e escuros, com paredes lisas e largas. Nelas, até posso me escorar, usando-as como descanso, mas elas não me permitem a escalada. Bem, se me deito e começo a chorar, me afogo na água que toma o fundo do buraco; se me levanto, a água me desequilibra, deixando-me com a sensação terrível de instabilidade. Me resta o limo frio e gelado das paredes da prisão. Olho para cima e vejo a saída, mas é uma liberdade opressora; ao mesmo tempo que me mostra as maravilhas do mundo, deixa claro que tudo está longe demais do meu alcance. Eu choro, mas até as lágrimas contribuem para o aumento do nível da água ao meu redor; é como se tudo o que faço me aprisionasse ainda mais. Uma ideia: eu poderia chorar até que a água me levasse até o topo, mas logo desisto; nem nada sei. Talvez esse seja o problema; não é o buraco que me prende, sou eu que não sei como sair. É isso: eu não sei sair de um buraco de 100 metros de profundidade, com paredes largas e escorregadias, sem um único ponto de apoio.