OS ANALFABETOS DA DEMOCRACIA

 

 

Acabo de comentar a poesia "Vitória de Pirro", de Cláudio Carvalho Fernandes, que tem como prólogo esta importante expressão de Mário Quintana:

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"Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam

a ler e não leem".

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Pra início de conversa, LER é um verbo irregular e - risos... -  poucos leem regularmente.

O "Eu leio" parece ter caído de moda. 

Já o "Eu li" soa em nossos ouvidos como coisa de um passado distante.

 

Lemos, vimos e ouvimos, há pouco, a amostra de um golpe, um mui lamentoso e catastrófico exemplo da falta de leitura de que trata Quintana e que até robustece sua inspirada frase:

- alguns doutores da Lei e da Ordem;

- muitos políticos, juristas e militares (no estágio avançado de suas carreiras);

- empresários mil (os maiores beneficiários de outras ditaduras);

- incontáveis oradores de plantão, no parlamento ou nas igrejas, bafejando fajutices para os seus fãs e mostrando, em discursos ou homilias, serem menos representantes de Deus do que monitores da vontade do povo:..

...     ...     ...     ...     ...     ...

todos esses, analfabetos da democracia (porque aprenderam a ler mas não leem), agiram criminalmente por baixo do pano, com o fito de abolir por definitivo o Estado Democrático de Direito em nosso país.

 

Com certeza - focados que estavam nas vantagens financeiras que adviriam com o regime da força e do silêncio, mais o faro canino e atrativo do poder -, são exatamente aqueles que, nalgum tempo atrás, pararam de ler, em especial as lições elementares da Democracia. 

Esqueceram, ou desprezaram, as antigas lições de um regime capaz de assegurar a todos, indistintamente, o exercício dos direitos humanos, a igualdade de direitos e oportunidades, a liberdade individual e de expressão, a paz...

Optaram pelo golpe, pela sociedade autocrática, pelo ódio, pelo medo, pela desconfiança entre irmãos, pela prisão, pela tortura, pelos grilhões, pelo genocídio, pelas mentiras, pela injustiça, pela guerra. pela indiferença quanto à morte prematura de outrem.

 

É bastante fácil conhecer os procedimentos  de gente que não lê, mesmo tendo alcançado de alguma forma (!) posição invejável em suas carreiras.  Vejamos: 

- tem dificuldade para se expressar e utiliza palavrões no lugar de nomes apropriados, mesmo nos encontros mais solenes como, por exemplo, reuniões com embaixadores ou reuniões ministeriais;

- desconhece a nossa história (exatamente porque deixou de lê-la) e utiliza a chibata ou arma de fogo para impor sua autoridade;

- desqualifica a educação de toda uma geração (nomeia ministros da educação incapacitados), deixando-a no nível mais baixo possível, a fim de monitorá-la;

- desrespeita as instituições democráticas e ameaça derrubá-las ou trocar seus membros por pessoas intelectualmente despreparadas, também com a intenção de monitorá-las;

- morde amavelmente as iscas inverídicas e venenosas do fanatismo...

 

Pelos atos antidemocráticos, conhece-se o indivíduo que chegou ao poder "analfabeto",

enganando, ou por engano.

 

Quintana tem razão.  A pouca leitura, ou nada:
- causa a lentidão do cérebro humano;

- desestimula a criatividade e anula o senso crítico;

- bloqueia a empatia;

- fomenta a maldade e anima o indivíduo à aceitação de regimes autocráticos.

 

Infelizes que não leem..., não creem, não veem e se desumanizam.

A KU KLUX KLAN, viva desde 1865, e o HOLOCAUSTO nazista têm sido os melhores exemplos seguidos pelos verdadeiros analfabetos que apoiam e clamam por golpes no mundo.

Desde a escravidão, analfabetos gostam de apanhar.

 

 

                                                 

 

 

 

 

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 21/03/2024
Reeditado em 22/03/2024
Código do texto: T8024433
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