FLEUMA
Os nossos medos, sempre grandiosos e ultrajantes fazem-se Bichos Papões capazes de eliminar planetas, imagine só nosso ser tão minúsculo e insignificante. Mas, em completa oposição, nossa vaidade tão primorosa e viçosa nos torna imperadores, melhores que qualquer Cesar, maiores que qualquer Grande. Tudo isso não passa de um ruído do micropensamento, na microcabecinha que faz parte de um microcosmos particular.
Tão enfadonhos são os dias que se passam como se Cronos nos odiasse. Ao contrário da velocidade dos dias alegres, onde todas as Musas iluminaram nossas ideias. Tudo isso não passa de uma percepção do micropensamento, na microcabecinha que faz parte de um microcosmos particular.
A falta de uma voz gritando a mesmice, fazendo toda a outra parte dos ruídos do ambiente serem tão imperceptíveis, a ponto de estar completamente absorvido em um colóquio. Porém, note o poder do silêncio quando concentrado, absorto nos próprios pensamentos ou na imagem que se fez e os olhos pararam enquanto a mente gira a mil, como esse silêncio é tão bem recebido e amado. Tudo isso não passa de um sentimento vindo do micropensamento, na microcabecinha que faz parte de um microcosmos particular.
Como a falta de vida, a morbidez e a inexistência causam comoção, arrepios e loucura, tornam em cinzas todo o arco-íris do podia ter sido, ter ido, ter feito, ter querido, ter amado, ter vivido. No entanto, há na vida uma dor do estar vivo, a consciência, o peso, o medo, a necessidade, o querer, aquilo de estar sempre buscando ou regredindo, eu farei diferente, eu faria diferente. Não tem nada a mais porque tudo isso é justamente o micropensamento que nasce na microcabecinha que faz parte de um indeterminado microcosmos particular.