"Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho.
É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver”. (Texto atribuído a Ariano Suassuna)
Muitas vezes ouço pessoas dizerem: Chorei de tanto rir. Eu mesma já experimentei essa estranha transição, em que um ataque de riso incontrolável provoca lágrimas em nossos olhos.
Mas há também a situação inversa. Há momentos em que a dor é tão aguda, o desespero tão brutal e irremediável, o choro tão convulso e interminável que, sem mais nem porque, transforma-se em riso. Um riso também frenético, também brutal, também convulso e dolorido, que depois transforma-se novamente no choro original.
Talvez isso seja uma defesa, uma parte do instinto de sobrevivência, já que muda alguma coisa no organismo: o riso é diferente do choro, pelo menos os motivos que os incitam, e essa mudança provoca uma parada, ainda que temporária, no desespero.
Ao transmutar-se, inexplicavelmente, o choro em riso, o susto e a surpresa que isso provoca, pelo inusitado da situação, faz com que o desespero se afaste e dê ao organismo e aos sentimentos um tempo, visceralmente necessário para que se readquira a calma e o controle da situação. Outra opção talvez fosse o suicídio!