PSICOLOGIAS DO MAUMAU
REFLEXÃO MARCIANA (11/03/2022)
Sonhar os sonhos sociais parece besteira, pois estamos presos em nossas bolhas individuais. Reclamamos da vida como seres isolados da comunidade, pois, cada um de nós, no seu íntimo, sofre isoladamente como se sempre estivéssemos vividos sozinhos no nosso mundo particular (O subconsciente).
O peso da realidade nos cai aos ombros como se fossem cruzes, tal qual Jesus que carregou aquela cruz tão pesada até ao seu calvário. Falar em sociedade é falar sobre tudo ao mesmo tempo, pois, a própria vida no tempo é uma construção de laços que remetem a cordões umbilicais transcendentais.
Somos tão distintos e complexos, ao mesmo tempo, tão iguais. Gostamos e detestamos as pessoas que nos rodeiam. Por que? Criar laços é até fácil, o difícil é conservá-los e não os dissolver! Mas, até onde vai a confiança? Quais os limites da própria língua naquilo que toca aos outros? Por que convivemos melhor em certas tribos e em outras não? Por que eu sou calmo e pacífico para suportar os sofrimentos e você é turrão, tempestuoso e reativo? Por que falamos mais do que fazemos? Por que falamos tão descuidados à queima roupa e sem perceber, somos queimados vivos quando são os outros que falam no mesmo tom e repetem os mesmos discursos que falamos antes? Ou seja, magoamos, mas não queremos ser magoados! Que falta de empatia não? Meu caro leitor, tragos mais indagações do que respostas, pois o diálogo amplo é porta de debate que pode expandir os conceitos errôneos e ultrapassados acerca da existência humana.
Quando nascemos, nascemos em uma tribo, um círculo social fatiado, mas não isolados como certas tribos indígenas. Ao crescermos, conhecemos outras tribos, fazemos amizades ou não, além de que as nossas escolhas nos distanciam das nossas tribos já conectadas a outras e que nos conectamos a tantas outras e assim, nós nos tornamos seres mais plurais, acessamos novas culturas, novos preceitos, alimentamos antigos e novos preconceitos. Nos materializamos como pessoas únicas na mente de alguém.
Bom... a vida nas tribos não é nada fácil, embora a melhor tribo seja aquela que nos deixa mais livres para sermos quem somos e quem quisermos ser. Entenda tribos como comunidades, quer queira quer não, as pessoas sempre procuram um lugar para pertencer, um lugar que faça sentido, que traga felicidade, que traga pessoas que mudem tudo a nossa volta, que nos salve das amarguras e que nos dê a atenção que merecemos... Queremos tantas coisas! Porém, o mar da realidade nos faz mergulhar e encontrar tantas coisas que nos puxam e nos mandam para lugares que não queremos estar e quando nos acostumamos nos mandam de volta ou para outras realidades. Qual será a melhor realidade possível?
No meu entender sobre a vida, a melhor realidade possível é aquela que me traz maturidade, experiência e crescimento e, portanto, buscaria repousar em lugares fabulosos onde a mãe natureza abençoou a própria humanidade com visões e sensações verdadeiras sobre a dimensão espacial e geográfica.
Sonhamos com tudo e não realizamos nada. Na verdade, depreciamos os sonhos alheios quando vemos um brilho de esperança nos olhos e um sorriso na boca dos outros. Do nada, depredamos os sonhos alheios com choque de realidade (crítica positiva) ou destruímos através do deboche e da velha energia venenosa que sai da nossa amargurada mentalidade (crítica negativa) que distorce inclusive o melhor discurso que existe.
Entretanto há cura para corações amargos e para traumas neurológicos. Os medos que nos assolam, tanto nos prejudicam quanto nos mantém vivos, mas reféns de uma existência incompleta. Não se deve ter medo de viver, mas devemos construir pontes que nos permitam ampliar jornadas para novos horizontes, já tive oportunidades que nunca peguei por medo de me sentir feliz em lugares alheios e com pessoas estranhas por receio de me conectar, afinal amizade e inimizade acontecem ao acaso.
Em minha juventude, vivi menos aventuras do que queria. Às vezes, queremos ser piratas e viajar aos sete mares, navegando para o além. Outras vezes, queremos pilotar aviões, ir pra guerra matar inimigos, sempre fazer novos amigos, lutar por mais justiça, bater em alguém por vingança, ser um anti-herói como Dead Pool, nos transportar com um piscar de olhos, ser superpoderosos, incrivelmente, apenas SER.
A maravilha de SER um HUMANO é existir no tempo em que podemos SER... Porém, o SER está sempre limitado às bolhas particulares, a pensamentos socialmente concretizados, ao medo do que outras pessoas pensam, dizem, invejam, debocham, xingam... Faz um tempo, confesso, estava eu limitado nas formas convencionais de ser e sentir, mas o pensamento abstrato construído ao longo do tempo me libertava sem nunca falar aquilo que eu queria dizer, por isso sempre escrevi.
A escrita me liberta daquilo que ouço, penso, mas não falo. Não falo por ter respeito aos mais velhos, mas adoraria dizer-lhes umas verdades para que se coloquem no seu devido lugar; não falo por medo de causar uma briga cujas intenções podem fugir do inimaginável, pois palavras tem poder e podem ser katanas que dilaceram o coração e a alma humana, além de que, podem formar contextos diversos, cujas ações são físicas a ponto de exterminar vidas; não falo porque educação e bom senso, por mais que sejam impostos socialmente, fazem parte de mim e os anos de silêncio observando o trânsito de pessoas ao meu redor foram preciosos para separar quem eu quero do meu lado e quem não quero, quem é só visita de quem veio para morar junto, quem divide momentos de quem divide a vida toda, etc.
Não preciso morar com todos, mas precisamos de momentos mais firmes para completude do ser humano. Não é preciso doar-se por inteiro, mas é preciso doar-se como sangue, pois apenas certas quantidades já são o suficiente para alguém. Enfim, é preciso fazer o bem sem esperar retorno de ninguém e sem olhar a quem, mas cuidado, há sempre pessoas que olham os teus atos com críticas negativas e outras que se aproximam como ervas daninhas, melhor dizendo parasitas que crescem a tua sombra e drenam a tua vida. Portanto, se eu crescer como planta a tua sombra e ao teu redor, quero ser igual ao maracujá de cor púrpura-escuro, que te abrace forte, sem lhe causar mal algum!
Indo dormir agora....