A busca pela felicidade
A busca pela felicidade, conforme apontada por diversas tradições e correntes da psicologia moderna, bem como pela neurociência, aponta para uma jornada intrínseca e profundamente pessoal, ancorada em práticas como meditação, auto-perdão, compaixão e a nutrição de uma alteridade ampliada. Este desenvolvimento interior, não só é possível, como é sustentado por evidências emergentes, tanto da neurociência, quanto da psicologia positiva.
Auto-perdão e Perdão:
O conceito de auto-perdão é fundamental na psicologia, pois reconhece a importância de liberar a si mesmo, dos grilhões do ressentimento auto-dirigido e culpa. O perdão, voltado para si, ou para os outros, é um ato liberador, que permite o avanço em direção à felicidade e ao bem-estar. Neurocientificamente, praticar o auto perdão e o perdão, está associado à redução do estresse e a uma melhora na saúde mental e física, pois influencia positivamente, nossa resposta ao estresse e pode melhorar a qualidade do sono, entre outros benefícios.
Auto-compaixão e Compaixão:
Estes são conceitos inter-relacionados, que enfatizam uma gentileza para consigo e para com os outros, entendendo a falibilidade, como parte da condição humana. Kristin Neff, uma das principais pesquisadoras sobre auto-compaixão, destaca que ela é composta por autenticidade, bondade para consigo e consciência do sofrimento compartilhado. A neurociência, suporta a ideia de que a compaixão pode ser treinada e que essa prática, modifica o cérebro, promovendo maior felicidade e conexão com os outros.
Alteridade e Humanidade Compartilhada:
A capacidade de sentir o que outra pessoa está sentindo, a partir de sua perspectiva, é crucial para o desenvolvimento da compaixão. Reconhecer a humanidade compartilhada, fomenta uma sensação de pertencimento e conexão, elementos vitais para o bem-estar psicológico. A alteridade, ativa regiões do cérebro, associadas ao processamento emocional e pode levar a um maior engajamento, em comportamentos pró-sociais.
Meditação e Felicidade Intrínseca:
A meditação é uma ferramenta poderosa, para o cultivo da felicidade interna, como sugerido por tradições milenares e confirmado por pesquisas modernas. A prática regular da meditação, pode levar a alterações no cérebro, correlacionadas com aumento da felicidade, redução do estresse e maior estabilidade emocional. Essencialmente, a meditação ajuda a cultivar um estado de presença e aceitação, o que é fundamental para o bem-estar.
A felicidade, como um hábito cultivado interiormente, sugere que, embora fatores externos possam influenciar nosso estado de espírito, a verdadeira felicidade e contentamento, vêm de um profundo trabalho interno. Isso implica reconhecer e praticar o auto-perdão, cultivar compaixão (tanto por si mesmo quanto pelos outros), desenvolver alteridade e participar em práticas meditativas. Este enfoque interno, não apenas eleva a experiência individual de felicidade, mas também ajuda a criar, um tecido social mais compassivo e resiliente.
Cada um desses elementos – auto-perdão, auto-compaixão, alteridade, compaixão e a prática da meditação – não é apenas um fim em si mesmo, mas também um meio para nutrir e expressar a felicidade genuína, que reside dentro de cada indivíduo. Ao abraçar essas práticas, abrimos caminho para uma experiência de vida mais plena, satisfatória e conectada, independentemente das circunstâncias externas.
Gratidão:
A gratidão, como delineado pela psicologia positiva e pela neurociência, enriquece ainda mais a jornada para a felicidade e o bem-estar geral. A gratidão é o reconhecimento e a apreciação do valor das coisas, das pessoas e das experiências de vida, incluindo tanto os benefícios recebidos, quanto as adversidades que, de alguma forma, contribuíram para o nosso crescimento. Ela convida a um cenário mental, onde o foco se desloca do que falta, para o que está presente, promovendo uma percepção mais rica e completa da realidade.
Do ponto de vista da psicologia, a gratidão é vista como uma prática central, que potencializa a felicidade. Ela ajuda a construir e a fortalecer relacionamentos, aumenta o otimismo, reduz sentimentos de solidão e isolamento, e pode até levar a um aumento de atividades físicas. Além disso, a prática regular da gratidão, tem sido associada a uma melhor qualidade do sono, maior resiliência e uma capacidade aprimorada, de lidar com o estresse.
Neurocientificamente, a gratidão ativa áreas do cérebro, associadas à liberação de neurotransmissores positivos, como a dopamina e a serotonina, que são conhecidos como "hormônios da felicidade". Estudos de neuroimagem, mostram que a expressão da gratidão, pode estimular regiões cerebrais envolvidas na regulação das emoções e nas relações interpessoais, como o córtex pré-frontal medial e o hipocampo, sugerindo um impacto direto, na melhoria do bem-estar emocional e na saúde mental.
Portanto, integrar a prática da gratidão, à busca pela felicidade e pelo bem-estar, se alinha perfeitamente, aos componentes previamente discutidos – auto-perdão, auto-compaixão, compaixão, meditação e o cultivo de alteridade e humanidade compartilhada. Ao valorizar o que temos e quem somos, ao invés de lamentar o que nos falta, ou o que poderia ter sido, cultivamos um terreno fértil, para o crescimento pessoal e uma felicidade, que é mais duradoura e menos dependente de circunstâncias externas. A gratidão, portanto, não é apenas uma resposta à felicidade, mas um precursor poderoso, que molda a mente e o coração, para abraçar e gerar uma felicidade, que flui de dentro para fora.
Barthes.