Da insensibilidade

Na guerra que componho sobre a pessoa que não sou

Ninguém ganha, nem perde, há somente discussões

Olhares para o céu, das trincheiras de dentro das casas

E uma solidão latente, que expurga a água do olhar.

Não me encontro dentro de mim, e fora parece tão longe...

Mesmo ao toque das mãos, as janelas estão tão distantes

Que eu, que nunca entendi a teoria das coisas que não se tocam

Hoje concordo e assino embaixo, com a caneta que flutua em minhas mãos.

Nem o verde das plantas, nem o azul desse céu

Nem o afastar das nuvens ou o clarão da lua

São capazes de atravessar o campo de breu do meu peito

Suas belezas não me perfuram, meus sentidos não se afetam

Olhar para as copas das árvores é menos que um sonho lúcido.

Não sei em que ponto da vida se deu tal fatalidade

Quando menina olhava com a claridade dos sensíveis

Avistava e pensava, pensava e sentia, sentia e falava

Hoje calo pelos olhos, pela boca e ouvidos

E o pouco que me resta passa... vira tudo, vira nada.

Yas
Enviado por Yas em 08/03/2024
Código do texto: T8015512
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.