Decisão

Por que há tantas pessoas infelizes e rabugentas mesmo tendo aparentemente tudo o que poderiam querer? Por que há tantas pessoas incapazes de verem algum sentido em suas existências mesmo vivendo algo que aparentemente todos queriam viver? Por que há tantas pessoas que reclamam de tudo e todos mesmo aparentemente com motivos de sobra para simplesmente agradecer? Por que há tantas pessoas que parecem não perceber as dádivas com as quais foram presenteadas enquanto muitas outras suplicam para que tenham ao menos o básico a fim de sobreviver dia após dia? Seria egoísmo? Seria arrogância? Falta de humildade? Isso porque há tantas pessoas com tão pouco, mas que não perdem o sorriso no rosto jamais. Há tantas pessoas com tão pouco que, se necessário, tiram do próprio corpo o agasalho que as esquenta para compartilhar com alguém que esteja sentindo frio. Há tantas pessoas com tão pouco que, mesmo vivendo em uma casinha simples e apertada, não hesitariam em abrir a porta para acolher algum desabrigado. Há tantas pessoas com tão pouco que, mesmo em meio a tantas faltas, encontram razões pelas quais serem gratas.

O que há de diferente entre elas?

Talvez seja a decisão pela qual optaram em suas existências.

“Todo o amor do mundo pode ser dado a você, mas se você decidir ser infeliz, permanecerá infeliz” (Osho)

Eu trouxe o exemplo anterior apenas pelo contraste. Mas é claro que há pessoas com muito e que são enormemente gratas pelo que possuem, além de felizes. E há pessoas com muito pouco que, frustradas, vivem sob o sentimento de injustiça. E cada um tem as suas razões. Mas a questão aqui é que talvez escolhamos nossos sofrimentos. Isso porque sempre teremos alguma falta. Mesmo sendo as pessoas mais ricas do mundo, algo nos faltará, nem que seja o desejo por vencer a morte. E se focamos apenas no que nos falta, é claro que permanecemos em uma vida infeliz. Ignoramos todo o resto. Desprezamos todas as dádivas. E fazemos por menos quaisquer de nossas conquistas. Tudo porque uma coisa nos faltou, aquilo que tanto cobiçamos, aquilo com o qual nos distraímos e acabamos nos perdendo de tudo o que já temos.

Porque é o que acontece.

Quantos que vivendo em famílias aparentemente felizes perdem tudo por cobiçarem tantas outras coisas? Quantos que nunca conseguem se orgulhar pela concretização de seus projetos porque logo se dirigem a outros? Quantos que se distraem com banalidades enquanto poderiam estar se enriquecendo pelas belezas que há na vida?

Escolhas.

Aqueles que vivem insatisfeitos com tudo talvez estejam escolhendo a insatisfação. Aqueles que se frustram a cada momento podem estar escolhendo a frustração. Porque, como eu mencionei, sempre teremos alguma sensação de falta, pois o ser humano possui fortes tendências ao desejar pelo que não tem. Portanto, é de nossa responsabilidade escolhermos sermos gratos e realizados por aquilo que a vida já nos concedeu. Não que passaremos a nos conformar e iremos nos paralisar. Claro que não. Mas também não seremos tão ignorantes e mesquinhos ao ponto de, tendo em mãos um pote de mel, cobiçar a colmeia de alguém.

Apenas se lembre de que é tudo uma questão de escolha!

(Texto de @Amilton.Jnior)