A única certeza da vida

Chegará o dia em que eu ainda terei muito tempo

Assistirei o aposentar de teus ponteiros

De teus pulmões.

O dia em que você nos deixa chegará

E nos lembrará que a contagem agora

Está em nossas mãos.

Haverá um dia em que eu abrirei os olhos e não verei teu reflexo

Que meus ouvidos não captarão qualquer ruído.

Os aposentos estarão vagos,

Caberá mais pessoas neste espaço,

E nenhuma delas será você.

Num futuro eventual, infeliz e indeterminado

Eu terei que andar sozinho, desamparado,

Enquanto os outros me veem firme em minha posição.

Mesmo que eu não chore,

Mesmo que eu não esboce reação

Saiba que um pouco meu será enterrado contigo

E outra parte estará despedaçada no chão.

Queria dizer-lhe mais;

Queria entregar isto em suas mãos.

Mas sou fraco, sou incapaz

Apenas admiro de longe sua composição.

Assim como você me ensinou,

Assim como você foi ensinado,

Heranças de uma geração, eles disseram

Palavras dos que te criaram.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 29/02/2024
Código do texto: T8009771
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