Pequeno alívio

Há dias em que a paranóia assume o comando e a visão fica embassada. O nó na garganta ou o aperto no peito sufocam incessantemente. Pensamentos nebulosos tornam o dia obscuro. Não há para onde fugir. É a outra realidade ganhando vida, consumindo essa terra rasa.

Os sentidos aguçados, sentimentos intensos. O vazio contido no todo. O vazio que faz parte de mim é preenchido com imaginação e loucura. E nada além do agora é certo. Nada existe nada além do desespero que envolve a alma. Tão pesado. Mórbidas são as horas passando devagar. Arrastando a loucura com seus ponteiros sem lógica. Tentando mensurar um tempo que não existe vou repetindo os dias como uma tortuosa rotina pessimista que insiste em ficar.

De repente o silêncio. O som barulhento. A mente tomando novo rumo. Ainda é paranóia. Não causa mal. É leve como se nada importasse. É a doce sensação de ter o infinito à frente carregado da ideia mais próxima de liberdade. E assim as regras banais desaparecem. Fica o sabor do proibido e belo. Fica o ar insano das ideias revolucionárias. É o pequeno alívio que traz esse propósito.