Condições niilistas

O silêncio, passagens, processo. Destes, as palavras, o barulho, o balançar e o retorno. Todas as unidades podendo ser reivindicadas num dado momento, e talvez, não. Nesta oscilação, luta entre opostos. Aliás, antes de dar conta da unidade lógico-musical, aquilo que pode ser chamado de inteligível se dá na alternância, variação. Não se pode compreender uma tensão eterna da nota, senão na variação, sob o risco do ininteligível, o que não quer dizer que não possa haver um fluxo incompreensível.

Deste fluxo musical e de palavras, desde o nascimento, nota-se um estranhamento. Todo o estranhamento, desde este que vos fala, ao menos na dificuldade de dizer ser, indivíduo, humano, social, eu ou qualquer definição que o sirva, minimamente se dá em algum lugar, talvez naquilo que estamos acostumados e convencidos.

O estranhamento coletivo já é um clamor, uma espécie de levante, de chamado público. De todo modo, o indivíduo se comunica com o coletivo, extrai, subtrai, soma, circunvizinha, e por ser um cruzamento, dá-se sob múltiplas formas. Por outro lado, resta-nos num dia mais e, em outro menos estranhos.

Nesse ciclo, produz uma jornada do estranhamento. Quem disse que devemos perambular pelas unidades? Devemos segui-la? Ao menos para ver como passam pelos cruzamentos entre palavras e coisas. Aqui trouxe a jornada do estranhamento no fluxo dos sons e palavras. Conduzi? O compromisso da academia com as unidades no texto e conexões tem seu mérito. Por outro lado, perde os indivíduos e diminui a troca ampla entre eles.

Vamos chamar essa jornada do estranhamento da troca, afinal, o que Nietzsche quer com a crítica das unidades e finalidades senão um estranhamento dessa troca. Se considerarmos as origens nórdicas, “bárbaras” na Europa, rememoramos a tensão secular dos valores e a exigência da ação a partir de um sistema de unidades dadas Judaico Cristã no Ocidente.

De modo que, como a unidade cristã poderia reduzir a diversidade da Europa nórdica nomeando-os “bárbaros”, condenando seus cultos, aspecto físico, comportamento e relação com seus Deuses. Desse movimento repetido na América, chamando aqui de um estranhamento dos sons, corpos, palavras, semântica, sobremaneira é comum esse estranhamento entre povos, objeto de muitos estudiosos.

De todo modo, o fato de Nietzsche ter visto a unidade entre os cruzamentos semânticos como determinante ao problema da moral, inclusive com consequências fisiológicas e na ciência, senão tem seu mérito, o torna objeto de muitos estudos.

Tendo em vista que o inimigo é outro e as unidades semânticas são passagens. O que nos resta senão utilizar certo sistema de unidades contra o outro? Reduzir-se? Jamais. Fazer oposição ao nível do inteligível sonoro ao menos. Já o trabalho do filósofo parte de um incômodo comum e tem a plateia. Em oposição as proposições e sistemas absolutos, sobretudo aqueles com peso e que influencia os demais, ele não parece querer a mesma unidade, sistema ou plateia, antes deseja a mesma força dos “bárbaros” antigos, gozar do seu modo de ser, como uma liberdade mais ampla que deixe-o fora da condição de servo, sob qualquer aspecto semântico.

Para aqueles que estão na caverna ou sob a tensão das coisas, cegos dos movimentos que antecedem e sucedem algo, serve um conjunto de visão, palavras e sistemas. Então qual a diferença entre a crítica dos valores e os valores respectivamente? Talvez sirva para apontar-se. Para onde? Fora daquele ao menos e noutro, oposição: posição de sons, fala inteligível. Podemos fugir dos sistemas mas, será que podemos fugir da oposição que somos dos outros? Salva-se o acaso e o que se pode guardar, o ininteligível e, como quer nosso filósofo: dos instintos ou da própria natureza, superior em qualquer caminho inteligível.

Pingado
Enviado por Pingado em 19/02/2024
Reeditado em 19/02/2024
Código do texto: T8002672
Classificação de conteúdo: seguro