Fracasso.
Fracasso.
O que hoje sou?
Sou...
Fragmentos de uma vida inútil, absorta e decadente.
O que tenho, fez-me miserável.
Rico senhor de uma existência retrograda e reticente.
Minhas dádivas, se as tenho, não as possuo.
Sou fracasso, sou solidão, incapaz de despertar o amor, ou, um gesto de carinho.
A mulher que aprendi a amar com o tempo, diz apenas ser minha amiga, falsa, se não demagoga.
Atura-me pela insistência, sou na verdade seu infortúnio, arrastando-me feito leproso, mendigando sua atenção, uma palavra de carinho sincera, mas, o que escuto... Toda degradação imaginável.
Ah! ser miserável e tolo, um ser vegetando em mim, contudo, em meu silencio encontro consolo o alimento crucial de minha dor.
Choro por noites adentro, imperceptível e incoerente lavando essa desordem inquisitorial, insanável e irremissível.
Quisera distanciar-me de ti a todo custo, afastar-me desta cultura insana, desse mal que me condena a apreciar outros males, e, se consigo acatar torno-me vazio.
Por que que amaria alguém, se eu fosse fazer isso estaria matando-me mais ainda, pois, amaria só.
Nenhuma mulher seria capaz de amar-me, me conhecendo hoje, nem mesmo ontem, e, de certo não amanhã.
Quem me conhece a tantos anos, entre defeito e qualidades despreza-me como um cão, eu que inutilmente pensei que o amor viesse com o tempo, solidificado por uma amizade, mostrou que talvez seja desta forma a concretizar, talvez a amizade seja frágil demais, fragmentada e inexistente, então, como poderia dela, brotar algo tão belo de uma amizade tão vazia?
Eu a tenho como amiga, como companheira, e, se fosse permitido, como mulher, sempre requisitei sua presença como forma de suborno.
Nos meus pensamentos mais íntimos, você requer apenas por capricho, e, quando todas as possibilidades se esgotarem já que, sou sempre o ultimo em sua lista.
Não consegui com o tempo conquistar nem mesmo sua amizade isso me frusta, me desampara.
Queria ser alguém para você, me esforço, e ainda assim, sou invisível.
Quem sabe minha filha me enxergue, ou, simplesmente passe por mim como a minha vida tem passado inorgânica e inóspita.
Texto: Fracasso.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 12/11/2015 às 17:07