A Vida e a Brisa.
A Vida e a Brisa.
Querem saber como perdi minha vida?
Foi simples, me deixei levar pela brisa que soprou no meu ombro, lamentando a vida que levava diante do mar.
Vi as estrelas e a lua, senti a noite e toquei o céu, numa ilusão que se estagnou em meu peito.
Não pensava, nem agia sem que fosse movido por essa brisa, todavia, existia um mundo que dependia de meu sorriso, de um gesto que a levasse a cantar, mas, fiquei dividido entre a vida e o vento calmo das marés.
A brisa.
Um metro e meio, cabelos escuros como seus olhos, um sorriso jamais decifrado em todo universo, um pesadelo conhecido, mas, desconhecido pela minha ignorância.
A vida.
Um metro e setenta e dois de pura beleza, pele morena, olhos escuros como a noite, de um carinho intenso, sorriso largo que nada ofuscaria seu brilho, a parte realmente boa de tudo que já me aconteceu, um sonho que transformei em lembrança.
Experimentei da brisa o carinho que ela me proporcionou, me envolvi esquecendo a vida que se encontrava na minha cama a espera daquele meu sorriso que sempre a fez cantar.
Destruir minha vida sem saber que parte de mim vivia nela, acabei deserto, caminhado a esmo, vivendo outras vidas nas quais não participei um segundo sequer.
Hoje as lembranças vão e voltam sem pedir permissão, sem me poupar do sofrimento que consigo trás.
Quer saber como me encontro hoje?..
Encontro-me caminhado à beira de um mar que o destino traçou com longos espinhos, sem sentir a brisa refrescando meus fracassos, e, sem a vida que levou consigo toda minha felicidade.
Texto: A Vida e a Brisa.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 01/04/2002 às 04:34