Trinta e nove

Contaram-me que seria fácil, acostumar-se-ia

Iludiram-me dizendo que seria questão de tempo

Mas os anos passam e o sentimento continua

As vezes parece um tormento, doença incurável

Uma chaga que me corrói inteiramente por dentro

Uma luta que travo todos os dias para esquecer

Esforço-me intensamente para apagar essa teia

Novos amores chegam e simplesmente os deixo ir

Não há razão para ficarem, não consigo corresponder

São todos iguais, sempre acabam por me lembrar

Mesmo jeito, mesmo time, os pensamentos e gostos

Para que me envolver com cópias que irão doer?

Para que tentar encontrar alguém se não o esqueci?

Se quando fecho os olhos, imagino aquele beijo?

É tolice, eu sei. Não faz sentido continuar

Para que amar quem nunca irá corresponder?

Mas se em trinta e nove meses apenas o amo

Em e se em vinte e oito meses tento esquecê-lo?

Que mais posso fazer? Todas as preces eu fiz.

Todas as promessas, sonetos, terapias, atividades

Ocupei meu tempo, fui atrás dos meus sonhos

Construí bases para uma vida. Vivi a vida

Todo o esforço que faço é em vão

Eu me afasto, e quando vejo estou pensando nele

Os outros alguéns não conseguiram ocupar o espaço

Tudo que podia, tudo que havia de possível, fiz

Será um castigo divino ficar presa nessa história?

Cada fibra do meu ser pede para apagar da minha mente

Mas o coração não entende. Por quê? Se amar é decisão?

Eu não decido continuar a amá-lo. Não sou tão idiota

Só consigo pensar que deve ser uma maldição

Não pense que tenho esperanças, sei que não é possível

Ele nunca amaria alguém como eu, jamais.

Eu peço conselhos a quem quiser me dar, a vontade

Qualquer ideia, reza, milagre, eu imploro

Essa cólera não pode permanecer em mim

Tem que ser expurgado, para que outro possa vir

Essa dor por não ter quem amo deve sumir

Queria poder apagar, cada um desses trinta e nove meses

Tamyrys Hadassa
Enviado por Tamyrys Hadassa em 07/02/2024
Código do texto: T7994056
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