Memória
A memória pode ser um instrumento poderoso, quando nos faz lembrar de bons momentos, informações importantes para o cotidiano ou até mesmo quando passamos por avaliações. Mas ás vezes, a memória torna-se um mecanismo dificultador nos processos de superação, estando intimamente relacionadas aos traumas ainda não superados. Há dias que me lembro do passado com um grande sorriso e gratidão, pelo curso que a vida tomou ou até mesmo por momentos de alegria que ainda trazem essa sensação. Outras vezes sofro pensando em tudo que fiz e guardo como erros. A sensação de arrependimento e culpa é grande e o medo de errar novamente me paralisa.
Além disso, sempre há aquelas palavras que ecoam na nossa mente mesmo que tenhamos superficialmente perdoado, tanto o que foi dito, como por quem foi dito. Mas por mais que se tenha boa vontade em não guardar as mágoas, é como se elas estivessem trancadas num lugar da mente que é muito dificil mexer e modificar.
Por isso eu luto todos os dias para que as minhas memórias sejam aparatos de coisas boas, é uma luta constante contra os fatos que decorreram ao longo da vida, e acima de tudo, contra meus próprios pensamentos, impulsos e tudo aquilo que sinto que pode me arrastar para baixo novamente.
Ainda sobre memórias: eu odeio lembrar de onde estive um dia, tão no fundo, que parecia impossível me encontrar comigo mesma, quem dirá acreditar que haveria uma saída. Apesar de hoje ter a plena certeza que é sim possível encontrar brechas para sair desses lugares sombrios, eu temo que um dia eu me esqueça e inclusive deixe de acreditar, caso visite novamente os escombros de tudo que aconteceu.
Então, todos os dias ao acordar, eu só peço para que eu me lembre mais dos dias bons do que dos dias de dor. Por hora, as batalhas têm sido vencidas.