Existir na inexistência
O que nos movimenta todos os dias?
Faz um tempo que não me recordo o que nos faz chacoalhar a poeira, levantar a cabeça, ou qualquer coisa parecida que me venha a fazer sair da cama.
Essas sensações aleatórias comparadas ao ânimo que os seres humanos que se movem sentem.
Eu já não mais sinto isso.
Se fosse possível colocar em palavras ou números,
Essa sensação se faz presente em mim, da melhor maneira descrita, no total de 0%.
Seria esse o fundo do poço?
O número zero se tornando o meu número?
Simplesmente...
O que me move hoje?
Absolutamente nada.
Tendo como a única coisa em que há movimentação no meu existir... é meu corpo respirando, meus pulmões inflando.
Fora isso?
Bem...
Minha alma em estado vegetativo,
Meu corpo sem adrenalina,
Minha vida sem cor.
Existindo na inexistência.
Perdida na realidade da solidão.
Sem complexos de falsas promessas.
Sem emoções.
Sem esperança.
Como pode ser tão amarga a realidade?
Mas como pode também ser tão triste a ilusão?
Se gosto de estar só?
Nem sempre.
Mas entre as duas vias,
não consigo viver na ilusão, mesmo se eu quisesse.
Não consigo deixar pra trás.
Não consigo esquecer, também, que todos somos vulneráveis em meio a esse baile de máscaras.
Os espertos, usam armaduras.
O que resta pra quem se deixa levar pela canção ilusória da mentira?
Não só a morte, como o sofrimento, até que a morte se torne alívio.
Acredite, eu estive muito tempo do outro lado, dançando essa música, e exatamente isso...
na beira da morte, que eu percebi que precisava de uma armadura.
Eu, ainda existo aqui dentro.
Mas você não me conhece.
Não, as minhas fragilidades, e admito, que eu adoraria ser quem eu sou, sem medo de mostrar meus medos e inclusive...
Queria compartilhá-los...
Mas o medo se tornou meu amigo, e ele que me impede.
Assim como amigo, também virou meu protetor.
Por que eu aprendi, e não foi de uma forma boa...
O quão podre pode ser a fruta da qual cultivamos.
O quão decadente e putrefato nós, seres rebeldes e "humanos", somos.