Duzentos anos antes da Psicanálise
Duzentos anos antes da Psicanálise surgir com seus conceitos, o pensador holandês Baruch Spinoza já mencionava o mecanismo de projeção e funcionamento da mente e como o inconsciente se reflete nas ações ditas conscientes. "Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa". (Spinoza; Ética, parte 3)
Para Spinoza, a ilusão dos homens de que suas ações resultam de uma livre decisão da mente é consequência de eles serem conscientes apenas de suas ações enquanto ignoram as causas pelas quais são determinados, o que faz com que suas ações sejam determinadas pelas paixões. É nocivo ridicularizar ou reprovar alguém dominado pelas paixões, porque isso não depende da livre decisão da mente. O único modo do homem que se guia pela razão ajudar os outros é, nas palavras dele, "Não rir nem chorar, mas compreender".
As paixões, assim como o ódio ou alegria advindos dela, também são baseadas em percepções e potencializadas por mecanismos internos, projetados em algo exterior. Por isso tem gente que "mata por amor", por mais reprovável e absurdo que pareça o conceito, e a psicologia só reforça que a própria pessoa é a responsável por uma atitude dessas, por maior que tenha sido a motivação externa.
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