Ao juiz rimador
"Sentença-poema: Juiz baiano fixa em versos destino de sanfona apreendida."
(Migalhas, 26 de março de 2018)
Dizem que a Justiça é cega
E o nobre juiz Teomar
Essa tendência não nega
Insistindo em rimar.
O doutor nas cores carrega
E esforça-se em usar
Boa rima, mas escorrega
De forma peculiar.
Como um bom magistrado
Faz aplicação da lei
De modo muito acertado.
Na Poesia, porém
Tende a ser rebuscado
Com versos que vão além
Do sentido procurado.
A sentença em questão
Que é também um poema
Gera um grave problema
Carente de solução.
Pois se é cega a Justiça
Poesia enxerga bem
Boa visão ela tem
Nem um pouco enfermiça.
Afirmando ser poeta
O doutor se contradiz
Não sendo muito feliz
No tema que locupleta.
Teomar, meu caro amigo
Não fique bravo comigo
E nem sequer infeliz:
É possível ser bom juiz
Sendo entanto mau poeta.