Ser eu e textos meus

“Margem” é nada mais do que textos advindos da margem: uma existência nula, acadêmica e socialmente tendenciosa à margem. Existir à margem é entender o não-impacto das ações, opiniões e impressões mundanas advindas do eu em outras esferas que não o próprio eu. E meus textos são isso: são palavras expressando meu significado ao mundo, ou melhor, como eu significo o mundo, mesmo que tudo isso seja extremamente irrelevante ao resto. Eu estou aqui para ser relevante puramente e somente a mim.

Com isso estou dizendo que meu compromisso é somente comigo mesmo, se ser eu é não estar atrelado às normas acadêmicas ou os milhões de autores que tenho que ler para abordar um assunto que diz respeito a mim: então assim o seja. Mas obvio que o limite do egoísmo está na própria ignorância. Reconhecer eu como única relevância para com o que diz respeito a mim, não significa alienar-me somente à mim, mas sim olhar o mundo através do eu: sem denegrir minha vivência a fim de validar uma impressão que nada tem comigo, muito pelo contrário, assim como eu, marginalizo o que consumo através da minha própria visão. Não existe forma mais válida de viver senão significar, através dos prórprios olhos, tudo que lhe é dado: ser sensível e sentir através dos seus prórpios sentidos, e não existe sentimento invalido, já que tudo que sinto é parte de mim, incluisive o dizer a mim mesmo que algo é externo, seja isso o não-ser-algo é uma forma de ser.

A única falha que não me completa talvez seja o não saber que existe. No entanto até mesmo a noção de que há um conhecimento que não descobri é se redimir ao mundo, tão grande e alheio à mim. Mas ainda sou eu quem percebe o mundo, portanto, a vastidão que sinto pertence a mim, e só cabe a mim significar: mesmo que seja à margem.