MIL VERSÕES
Já não sou a mesma de antes e também não gostaria de ser.
A cada minuto que passa me renovo em pensamentos, sentimentos e emoções.
Representar o mesmo retrato borrado de outrora não me satisfaz eu busco o futuro e todas as versões que poderei assumir.
Por vezes me fito no espelho e vejo ainda os mesmos olhos infantis, puros e ingênuos que ainda não conheciam a guerra e o terror , minha face e minha alma trazem marcas terrestres das dores que venci e dos obstáculos que ultrapassei não sem antes me ferir.
Todas as manhas troco de roupa e assumo uma nova personalidade, tomo meu café da manhã e leio as notícias de ontem, um paradoxo de tempo onde me perco e ao mesmo tempo me encontro.
Sou um mapa de linhas tortas do destino e rabiscos de planos que não vingaram.
Uns me nomeiam poeta outros me descrevem como louca. Sou a mistura pacífica entre a ternura e a insanidade. Minha alma louca rodopiando nos extremos da vida.
Todos os dias me conserto, remendo pedaços e decolo peças que não encaixam mais.
Me permito ser livre pra pensar, viver e amar sem o peso do julgamento alheio.
Sou um rascunho do passado e um emblema da esperança.
Sou incompatível com a normalidade, que me assusta, me retém e paralisa. Sou uma bailarina dançando em desequilíbrio na corda bamba da vida .
São mil versões de mim mesma apenas tentando sobreviver.