FUMAÇA DISSIPADA

O rapaz saiu para a sacada do prédio em que se encontrava, puxou do bolso uma cartela de cigarros, posicionou um deles entre seus dedos e acendeu-o. Deu o primeiro trago. Puxou com seus pulmões a fumaça produzida pela queima do tabaco e a soltou. A fumaça se desprendia de sua boca e lentamente se dissipava para longe com o vento. Trago após trago, ele soltava a fumaça, que pairava pelo céu. A fumaça que antes se diluía no ar, formou uma grossa neblina pela cidade. As duas Torres da igreja do centro, iluminadas por luzes de Natal, se apagaram e os postes iluminados refletiam a branca fumaça. As pessoas saiam de suas casas para ver o que acontecia e ao pisar para fora de suas casas se intoxicavam com o forte cheiro da fumaça produzida pelo garoto. Formou-se uma sinfonia de tosses e pigarros. O cigarro vagarosamente ia sendo consumido pelo garoto que se postava na sacada da casa de sua namorada. Carros batiam, crianças choravam, homens xingavam, mas o garoto parecia não se incomodar. A cada trago, mais fumaça se posicionava pelas ruas da cidade, formando um verdadeiro exército do caos. Porém, com o passar de alguns minutos o cigarro fora consumido. Quando este se tornou somente filtro, ele empurrou o cigarro contra o cinzeiro e o soltou sobre o cemitério de bitucas que ali jaziam. A fumaça já se dissipara pela cidade e agora o sol voltará a iluminar a cidadezinha. Enquanto as pessoas saiam de suas casas aliviadas, o garoto entrou pela porta da varanda, fechando o mundo a sua volta juntamente com a porta de correr.