A vida em uma caixa

O que pensar quando a vida cabe em apenas uma caixa?

Eu não tenho essa resposta, mas em mim, há um turbilhão de emoções que ecoam na mente.

Você dedica uma boa parte da sua vida, juntando, acumulando e correndo incessantemente atrás do que não se tem. E quando essa corrida termina pela aquisição, vem a vida e lhe apresenta um momento em que você terá que decidir em guardar e seguir com os pesos na mala ou desfazer para que o necessário caiba em apenas uma caixa.

O desapego é sofrido, pois cada coisa tem a sua recordação, seu valor, a importância devida, pois uma vez que a luta foi árdua para a aquisição daquilo, o prêmio, traz a satisfação ao coração.

Você desprende forças ao obter e desprende forças ao desapegar-se. Mentiroso é aquele que diz ter facilidade no ato.

O deixar ir, não é fácil como se pensa e mesmo sabendo que a ruptura de um ciclo traz oportunidades para outros, o descolar-se leva consigo uma parte sua e o que sobra, são recordações e lembranças com tempo determinado.

Não vejo facilidade no desapego, não consigo olhar com leveza, pois sei que as recordações se perderão em meio às minhas muitas memórias.

Por isso, o sentimento me invade e lagrimas me tomam, pois sei que um dia, as memorias também partirão.

Não fui concedia para a frieza do mundo, meu olhar é quente demais quando trata daquilo que eu lutei para ter. Seja objetos ou pessoas. Não gosto de deixar ir, não gosto de virar páginas e não gosto de falar que está tudo bem, pois não está.

Eu gostaria que a minha vida coubesse em várias caixas e no momento de dor, de saudades e de necessidade eu pudesse novamente abri-las, pois só se guarda o que é bom, o que lhe trouxe amor e não dor.

De toda forma, entendo que isso é necessário, mas em cada desapego, deixo parte do meu coração.