Bolhas
Vida perfeita, sorriso de plástico, família cabendo num pote hermeticamente fechado, no quadro de retrato, acumulando medos e traumas calados ao longo do tempo a espera do start.
A bolha de sabão escapando da esfera cilíndrica a partir do sopro infantil perdeu-se.
O universo paralelo impediu sua viagem real, a bolha envolveu sua mente, são quinze segundos a importar, sem foco, sem reflexão, sem lógica, neurônios desconexos, lapsos de uma memória vazia, o que buscar no poço das lembranças quando nada foi concretizado?
Rola o feed, relaxa, esquece gente que tem cheiro e fala, importante acumular curtidas, faz de conta e nem mais conta se dá, a verdade está ali dentro e nem um passo é preciso se o impreciso há de bastar.
Um dia o tamagotchi morreu e nem luto se deu, era só apertar o botão, reiniciar e pronto, nasceu.
Perdeu a essência, morreram os processos, matou o brinquedo, cresceu a bolha, dentro da bolha, são quinze segundos sem nexo e uma procura por botões que ao apertar trarão saciedade aos vícios do imediato.
Rola o feed, monta o cenário, mostra para o mundo o que é felicidade, não desliga, cuidado com a dona verdade.
Para onde foram as bolhas que a infância soprou?