Entre Portas e Lembranças
Conto esta história desvendando um enigma, uma jornada permeada por mistérios e nuances, cada detalhe uma peça intrincada do quebra-cabeça da minha infância. Com meros 80 centímetros de altura, eu caminhava de mãos dadas com minha mãe pelas ruas estreitas da Mooca, onde portas imponentes e vitrais imensos despertavam minha curiosidade infantil. As portas, quase gigantes aos meus olhos, eram guardiãs de histórias ocultas.
Em uma rua encharcada pela chuva, observava o chão ao lado das portas, onde um ferro chumbado aguardava, como uma lâmina esquecida, para limpar as solas dos sapatos daqueles que ousassem adentrar. Minha mãe, em sua sabedoria materna, explicava que ali, em dias chuvosos, a terra se transformava em um lamaçal implacável.
Uma única vez permitiram-me entrar em uma daquelas casas misteriosas. O corredor de madeira parecia se estender até o infinito, adornado por um aparador que guardava um retrato de uma senhora de cabelos pretos, cujo olhar parecia atravessar o tempo. Uma única rosa, curvada pelo peso do calor, adornava um vaso solitário. No final do corredor, a cozinha revelava azulejos vermelhos em losangos, testemunhas silenciosas do tempo que fluía lentamente.
Neste recanto de lembranças, sinto uma conexão profunda com um passado que transcende o tempo. As portas da Mooca, agora silenciosas testemunhas de um esplendor perdido, parecem guardar segredos de uma era que se desvanece na poeira do tempo.
O déjà vu persiste, um eco distorcido de um passado outrora glamoroso, agora reduzido a cortiços e casarões demolidos. Em meio à rua decadente, meu coração pulsa com a melancolia de um tempo perdido.
A mente humana, intricada como as ruas sinuosas da Mooca, absorve e preserva memórias, como fragmentos de uma história eterna. A visão periférica de 360 graus, uma lente que distorce a realidade, revela um mundo onde sombras e luz dançam em uma dança eterna.
Passagens esquecidas emergem, relembrando uma época de costumes simples e pessoas cujas almas irradiavam acolhimento e harmonia. A nostalgia se entrelaça com a simplicidade, criando uma tapeçaria de momentos impregnados de paz e serenidade.
Por que essas lembranças persistem, ecoando através do tempo? Talvez estejam conectadas por fios invisíveis de espírito, uma teia que une passado, presente e futuro em uma dança eterna.
Caminhando por entre as sombras, percebo as cargas negativas e positivas que permeiam a existência. Energias nefastas emanam de seres humanos, como correntes tóxicas que envolvem os corações incautos. A luz, porém, resplandece, atraindo aqueles que buscam refúgio em sua luminosidade.
Neste intricado jogo de energias, há os doutrinadores, mestres da dissimulação que transformam luz em trevas. Cuidado, pois suas artimanhas podem contaminar a alma, tornando-a refém de uma luz disfarçada.
Em meio à confusão, surge um conto de ponderações aleatórias, uma busca por serenidade em um mundo tumultuado. Que haja discernimento e sabedoria nos passos que traçamos, pois em cada esquina, em cada sombra, aguarda-se o inesperado.