A abstinência
Começará a dieta no mesmo dia em que lhe deu o último adeus – aquele que embora não proferido em palavras fora o mais verdadeiro. Percebeu o verdadeiro significado do vício em sua abstinência. A lembrança de seu sabor doce e hipnotizante poderia ser atribuída tanto ao açúcar quanto a ele. No entanto, oque mais lhe chamou a atenção foi a paridade de ambos em seu consumo. Sempre tendia a repetir mais uma vez, como um pacote de bis infinito nas mãos de uma criança.
Através das luas, mais semelhanças lhe passavam a mente. Como seu desejo irracional por algo que lhe causaria mal o qual novamente era sentido por ambos os vícios. Ou então o fato de sentir intensamente sua falta – que lhe irritava profundamente.
Não havia resposta, estava sofrendo e sabia disso. Os primeiros dias são sempre os piores. A causa certamente não vinha de uma doce saudade. Esta quase não existia. Mas então, de onde ela vinha?
Descobriu em uma manhã cinza. Estava se sentindo azul novamente, não havia dormido bem como de costume. Acordará coberto de suor o que lhe enchia de dúvidas. Terrores no mundo onírico ou simplesmente o calor do mundo moderno? Levantou e, a passos descompassados, se pos sobre a fria pia de mármore. Ainda com a mente lenta, enxaguou seu rosto áspero gentilmente até toda remela deixasse seus olhos. Com a visão ainda turva, levantou a cabeça e se deparou com sua figura exausta refletida no espelho. Encarou si mesmo por muito tempo, mais doque havia se dado conta. Tentava falar consigo mesmo através dos próprios olhos escuros, buscando a resposta para sua insatisfação. Sem resposta. Subitamente voltou a si e notou que a torneira ainda estava ligada. Sua mente novamente voltava a se devorar. Hipnotizado pela forma em que a água ia para o ralo. Incessantemente jorrando da torneira. Como um redemoinho, para o ralo. Desligou a torneira. Achou a resposta.