Ei, pode entrar
Ei, pode entrar. Não precisa pedir licença, nem tirar os sapatos. Pode me bagunçar a vontade. Espalhe seus fragmentos em mim, me deixe espalhar os meus em você.
A essa altura eu já não sou mais eu. Não se assuste, vivo nessa impermanência a espera de uma paixão que leve a um "eu" que ainda desconheço.
E essa nova paixão chegou, então fique a vontade para me ser.
O amor é um mar em que vale a pena naufragar.
Me devolva a superfície quando quiser, o mar é seu. Se houver um fim, partes minhas ainda ficarão em você, assim como não retornarei inteira desse mergulho.
Talvez acabarei à deriva, exposta ao sol, compondo versos seus, cantando a brisa do seu mar e chorando à sua margem.
Enquanto isso, me permita apenas naufragar e me espalhar em você?