Ilusão de "Eu"
É como se o ser humano, construído para servidão e também para a revolta contra a mesma. Percebendo isto, veria no livre arbítrio, as condições para barrar a si mesmo. Como seria este senso de autonomia? A autonomia, é regulada pelo próprio, como construindo a uma própria lei, mas tal lei, se desligaria da servidão? Pois, no descolar, de onde a partir de dado momento, este ser quer ser livre, vive entre conflitos internos, não há como ignorar, há uma estrutura anteposta a sua criação. É um ser desejante, que desejando ao desejado, encontra no social, coisas que já foram antes desejadas por seus antecessores. O aparelho psíquico, vive então assim, entre as demandas dos id, ego, superego. Podemos então falar da revolta do ser humano, contra si próprio? A parte que lhe põe censura, e aquela que tenta se desprender de tal. Encontramos na psicanálise Freudiana, esta grande sinonímia filosófica. Não distante, reflito, o "ser", prende a si próprio. O próprio, se viu em face disso. Restringe a própria "liberdade", em favor do social. Entre o "irei fazer isto, porque eu quero", vem a noção do primeiro desejo, aquele animalesco, mas no segundo desejo criado, vem a parte que atende a censura. Novamente, o obstáculo externo, foi algo criado pelo próprio, pois haveria uma parte em si, que iria gozar disto, e outra parte, porém, que se revoltaria. Temos aqui, algo excepcional em se pensar. Todas as armadilhas, estariam dentro do próprio ser humano. Nada mais, nada menos, do que quer expressar a psicanálise, quando diz, que tudo o que você professe compatibilidade ou incompatibilidade, atenda a alguma parte de si mesmo. Mas, que este "si mesmo", sempre foram os outros, nossos antepassados estão ali, em partes nossas. Então, ação livre, será aquela que implique compreender, que a nossa lei não é nossa, ela é a parte que constitui a abertura de compreensão, para a nossa parte desejante desejada, que requer pensar, se o outro está em mim, nada é totalmente meu.