O DIA QUE MORRI
Ontem foi o dia em que mais precisei de um abraço. Incrivelmente demorado, como um adeus que precisava ser dado:
um laço envolvendo os anos passados. Mas não houve tempo. E o tempo não era nada. Reunidos, estavam todos os meus amores. Não vieram ao velório os meus netinhos, pois eles são passarinhos. Poucas palavras, pouquíssimas. Nada do que fosse dito faria mesmo sentido. Ninguém gosta de ouvir verdades. Ela é inclemente. Há muito que já morri. Mas todos estão ali para me ver partir. Continuem com suas histórias inventadas, que eu sigo, consciente, em direção ao meu próprio fim. Na terra, deixo sepultado o coração. E subo para o céu... Perdoado.