ANJO DA NOITE*

Augusto, rosto que me assombra nas madrugadas, tua aparição é emblemática, como um guardião da porta oriental. Por que observas meu sono aflito? A confusão me agoniza... Não há mais como endireitar meu andar coxo. E, se o fizesse, cairia novamente em tentação. A arrogância é uma ferida incurável. Prefiro a ignorância dos comuns. O que me resta? Apenas folhas secas, descolorindo o caminho. Concede-me mais um dia, só mais um... E, para que eu tenha certeza de que valeu a pena, sofrer no intervalo de cada fôlego; e que esta angústia seja a última testemunha de mim.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 04/01/2024
Reeditado em 19/10/2024
Código do texto: T7968783
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