ANJO DA NOITE*
Augusto, rosto que me assombra nas madrugadas, tua aparição é emblemática, como um guardião da porta oriental. Por que observas meu sono aflito? A confusão me agoniza... Não há mais como endireitar meu andar coxo. E, se o fizesse, cairia novamente em tentação. A arrogância é uma ferida incurável. Prefiro a ignorância dos comuns. O que me resta? Apenas folhas secas, descolorindo o caminho. Concede-me mais um dia, só mais um... E, para que eu tenha certeza de que valeu a pena, sofrer no intervalo de cada fôlego; e que esta angústia seja a última testemunha de mim.