Secularismo extremado
Não está reivindicando algum tipo de teocracia.
A fé religiosa e seus seguidores não têm a única resposta.
Haverá momentos em que políticos e líderes religiosos irão discordar.
O secularismo não é intrinsecamente danoso. A preocupação é quando a secularização é forçada a um extremo, quando ela demanda a remoção completa da fé da esfera pública.
Está clamando por uma maior confiança na fé, em que a fé tenha um lugar
à mesa e não uma posição exclusiva.
É possível sentir por aqui semelhanças e reverberações da crise, por meio das polêmicas relativas à legalização do aborto, pelas discussões acerca da bancada evangélica, ou ainda pela profusão de best-sellers, como Deus não é
grande, de Hitchens, ou Deus, um delírio, de Dawkins, não é fácil dizer.
A problemática do que vem sendo chamado de secularismo escapa de nossa vista. Entretanto, o mais provável é que a percepção do conflito tenha motivado a tomada de posição política ao invés de um aprofundamento das pesquisas acadêmicas. A proposta subjacente de pesquisas sobre a “formação do secular”, reivindica, portanto, uma análise da positividade deste ao invés da simples ausência do religioso.
Disponível em: http://www.telegraph.co.uk/news/politics/9080452/Britainbeing-overtaken-by-militant-secularists-says-Baroness-Warsi.html.
A esquerda é menos completa como ferramenta cultural para produzir uma visão de si mesma.
Sua espiritualidade é rasa.
Aloca toda a responsabilidade do mal fora da pessoa: o mal está na classe social, no capital, no estado, na elite.
Isso infantiliza o ser humano.
Ninguém sai de um jantar inteligente para se olhar no espelho e ver um demônio.
Não: todos se veem como heróis que estão salvando o mundo por andar de bicicleta.
A revolução sexual é um dos maiores engodos da história recente. Criou uma dimensão de indústria, no sentido da quantidade, das relações sexuais – mas na maioria elas são muito ruins, porque as pessoas são complicadas.
O cristianismo fala do pecador, de sua busca e de seu conflito interior.
É uma espiritualidade riquíssima, pouco conhecida por causa do estrago feito pelo secularismo extremado.
Ao lado de sua vocação repressora institucional, o cristianismo reconhece que o homem é fraco, é frágil.
As redenções políticas não têm isso.
O mal está sempre na classe social, na relação econômica, na opressão do poder.
É a graça de Deus que redime o mundo, conceito complexo e fugidio.
Não se sabe se alguém é capaz de ganhar a graça por seus próprios méritos, ou se é Deus na sua perfeição que concede a graça que não depende de um movimento positivo de um grupo.
Na redenção política, é sempre o coletivo, o grupo, que assume o papel de redentor.
O grupo, como a história do século 20 nos mostrou, é sempre opressivo.
Ninguém, em nenhuma teologia da tradição cristã, nem da judaica ou islâmica, pode dizer-se santo.
A verdade vem desde Aristóteles: ninguém pode enunciar a própria virtude, pois ela é anunciada pelos outros homens.
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