É verdade, eu não sou um bom partido.

A entrada desse ano novo me trouxe essa consciência de que eu não sou um bom partido. Apesar de falar coisas interessantes e ser uma boa companhia, não transmito muita credibilidade. Por exemplo, meu irmão nem cogita deixar meu sobrinho comigo enquanto eles trabalham. Bem verdade que não tenho muito traquejo com crianças, mas meu sobrinho me ama muito, tenho certeza. É meio irônico que meu irmão cuida dele, mas quando ele vem aqui, sou eu quem faz tudo, inclusive comida...

Mas, de fato, eu não saberia cuidar de uma criança. Como eu poderia ser um bom pai? Além disso, não sei fazer muitas coisas, e o que gosto, como ler e escrever, faço mal... além do mais, minha aparência está visivelmente em entropia. Apesar de me achar atraente, noto que meus cabelos parecem estar rarefeitos, embora eu ainda tenha bastante. Não dá para fugir da genética, não é mesmo? Também noto uma gordura localizada no abdômen difícil de perder. Espero que não ultrapasse isso, pois homem muito barrigudo é repulsivo, pelo menos eu acho.

Mas meu pai e meu irmão são barrigudos, como irei fugir do destino? Dinheiro não herdo, né… Não ficarei com quem amo no apogeu da minha beleza, infelizmente. E tirando tudo isso, o que me resta?

Ah! Pelo menos eu tenho bom gosto e sei conversar sobre assuntos diversos, que podem entreter tanto quem amo quanto a família dela, de literatura, música à política. Apesar do meu conhecimento ser superficial, às vezes, eu falo uma ou outra coisa interessante, vai.

Quanto à profissão, não vou nem entrar no mérito. Apesar de ter duas faculdades, tecnólogo em gestão da qualidade e comércio exterior, não aprendi nada durante a universidade. O que aprendi foi na prática. Apesar disso, sou esperto para o padrão exigido no mundo corporativo e tenho espírito empreendedor.

Ainda há as questões dos meus erros do passado. Como a pessoa que amo me enxerga em termos de confiabilidade? Sempre me questiono isso. Ah, se eu ganhasse na Mega Sena da Virada, a primeira coisa seria procurar quem amo. Não saberia o que fazer com o dinheiro, e não consigo pensar algo melhor do que procurá-la.

Mas como ganharei se nem jogo? É mais fácil ganhar essa grana trabalhando do que ter o azar de ganhá-la (é tão difícil que você tem que ter azar, não sorte). Enfim, me convenci de que não sou um bom partido, apesar de ser charmoso e bom companheiro. Sou tão patético e desinteressante que não consegui passar o ano novo fazendo algo além de ficar em casa, ver filme e escrever esse texto esperando que a pessoa que amo vá me ler pelo menos.

Agora vou assistir "O Amante Duplo", filme do bom e polêmico François Ozon.

Se for bom e eu tiver algo pertinente para falar, talvez escreva uma resenha.

Seria um grande feito se ao menos a pessoa que amo lesse, mas acho que soa repetitivo sempre falar sobre isso. Enfim...

Em 2024, espero superar esse handicap.

Desejo a quem amo um bom ano novo para ela e toda a família.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 01/01/2024
Reeditado em 01/01/2024
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